O 7 º BIS – Bate-papo Inclusivo e Sustentável da SIS – que aconteceu nesta segunda-feira 12 de setembro, foi destinado à divulgação de uma iniciativa inovadora e abrangente da SIS, o Ranking da Atuação Socioambiental de Instituições Financeiras. A Metodologia do Ranking foi submetida a consulta pública, que fica aberta por três semanas, até 2 de outubro. O Ranking faz parte de um dos eixos de projeto apoiado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), e vai avaliar a atuação socioambiental e climática de instituições financeiras, abrangendo bancos comerciais, de investimento e cooperativos, bancos de desenvolvimento e agências de fomento, seguradoras, entidades de previdência (abertas e fechadas) e gestoras de ativos. O lançamento da consulta pública também coincide com o lançamento do site da SIS: www.sis.org.br.
Durante a apresentação da Metodologia da consulta pública feita pela Diretora Executiva e Técnica da SIS, Luciane Moessa, ela esclareceu que apenas os portfólios das instituições financeiras serão avaliados, não os impactos de operações diretas das próprias IFs e menos ainda suas atividades filantrópicas. Ela apresentou os diversos temas ambientais e sociais que serão incluídos no framework, informando que alguns temas usualmente considerados como de “G” (governança) estarão abrangidos na categoria social, tal como prevenção e combate à corrupção. Ela também deixou claro que os temas receberão pesos diferenciados, com destaque para os temas climáticos com maior peso, tendo em vista a maior maturidade do mercado financeiro nesse assunto. Ela ressaltou porém que, mais do que avaliar a presença de um tema na política de uma instituição financeira, a metodologia buscará verificar quais são as bases de dados consultadas para integração desse tema, e que peso ele recebe no processo decisório (concessão de crédito, realização de investimentos, subscrição de riscos via seguros). Além disso, serão avaliados a frequência do monitoramento de riscos socioambientais, quais são as medidas de mitigação de riscos adotadas e a composição dos portfólios (crédito, investimentos ou seguros, conforme o caso) das instituições financeiras, inclusive avaliando a presença de produtos financeiros com impacto ambiental ou social positivo. Para acessar os slides que ela utilizou na apresentação, clique aqui.
Bruna Araújo, Gerente de Sustentabilidade da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), participou como debatedora e comentou que a ABDE tem atualmente um projeto importante envolvendo incorporação dos ODS que já abrange 10 associados e deve ser estendido às demais. Além disso, tendo em conta as novas regulações do BC de 2021, irá promover a atualização do Guia da Política de Responsabilidade Socioambiental e desenvolver uma intensa agenda de capacitação, com apoio do BID. Sobre produtos com impacto positivo, ela lembrou da necessidade de se fazer o casamento entre oferta e demanda para que “a gente não crie produtos financeiros super inovadores, adequados, pensando em mudança climática, e não tenha a demanda por eles” e, no que diz respeito a riscos, disse que é praticamente impossível para instituições financeiras de desenvolvimento captarem recursos de agências multilaterais atualmente se elas não tiverem um framework apropriado de gestão de riscos socioambientais, mas sublinhou o desafio do acesso a bases de dados.
Também convidado como debatedor, Luís Omena, Chefe de Gabinete do PREVI e Membro do Comitê de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, disse que a ABRAPP tenta facilitar o caminho dos que ainda não trilharam a jornada da sustentabilidade, e elogiou o recorte que será utilizado na metodologia – “ o objetivo é que todo mundo possa caminhar junto e que a gente possa se alternar neste ranking, na liderança, e que, em cada momento, dependendo da sua área de atuação, ou do seu porte, que uma instituição possa se destacar como uma boa prática que você empreendeu naquele momento porque, mais que uma competição acho que este é um jogo que a gente precisa que todo mundo ganhe junto.”
Dentre as manifestações dos participantes, destacaram-se a fala de Teresa Liporace, do Instituto Clima e Sociedade, e de Fábio Pasin, do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), que é o parceiro local da Fair Finance Guide International (FFGI), desenvolvendo há vários anos no Brasil o “Guia dos Bancos Responsáveis”, que também realiza um ranking de bancos quanto a sustentabilidade, ainda que com metodologia diferenciada. Luciane Moessa disse que a SIS tem toda abertura para explorar as sinergias entre as duas iniciativas e dialogar sobre eventual parceira com o IDEC/FFGI nesse tema.
Conheça os ciclos do RASA
O primeiro ciclo trimestral do projeto engloba a elaboração da metodologia do Ranking, incluindo a consulta pública. No segundo ciclo trimestral, será feita a coleta de dados e, em dezembro, serão divulgados os resultados do primeiro grupo de instituições – bancos comerciais, de investimento e cooperativos. A partir de 2023, o projeto terá quatro ciclos trimestrais: o primeiro, com foco nos bancos de desenvolvimento e agências de fomento; o segundo abrangerá seguradoras; o terceiro atuará com entidades de previdência abertas e fechadas; e o último ciclo irá focar novamente bancos comerciais, de investimento e cooperativos, avaliando a progressão dos mesmos (ou não) em comparação a 2022, além de asset managers independentes. É importante notar que em 2023, haverá uma nova fonte de informação para os bancos, que são os relatórios de sustentabilidade alinhados à nova regulação do Banco Central, que completa um ano nesse dia 15 de setembro.
O 7º BIS reuniu representantes de reguladores financeiros (Banco Central, SUSEP), de associações do mercado financeiro (ABDE, ABRAPP, FEBRABAN), de bancos comerciais (Caixa Econômica, Bradesco, Itaú Unibanco e Banco Fibra), de cooperativas de crédito (SICREDI), bancos de desenvolvimento (Banco do Nordeste), fundo de pensão (PREVI), seguradora (SulAmérica), family office (Wright Capital), organizações da sociedade civil (SIS, IDEC e iCS – Instituto Clima e Sociedade) , consultorias (NINT – Natural Intelligence e WayCarbon), advogadas e pesquisadoras.
A consulta pública pode ser acessada no site da Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS) por meio deste link. Para assistir à gravação integral do evento, clique aqui.