Na semana de 26 de fevereiro a 1 de março, a Diretora Executiva e Técnica da SIS esteve em São Paulo para uma movimentada agenda de reuniões. Luciane Moessa e Daniel Araújo, Diretor de Comunicação e Relações Institucionais da SIS, participaram do Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, organizado por um conjunto de organizações da sociedade civil, como o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o Instituto Arapyaú, a Open Society Foundation, Instituto AYA, Instituto Igarapé, Instituto Itaúsa e Uma Concertação pela Amazônia. Diversas autoridades do Ministério da Fazenda brasileiro estiveram presentes, além do Presidente do BID, Ilan Goldfjan (ex-Presidente do Banco Central do Brasil), e o champion global da agenda, Mark Carney, ex-Presidente do Banco Central inglês e que deu o primeiro alerta que foi de fato ouvido pelo setor financeiro sobre a relevância dos riscos climáticos em 2015, pouco antes do Acordo de Paris durante a COP21.
Rafael Dubeux, que coordena o Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda, salientou as principais iniciativas do governo nessa matéria, como o mecanismo de hedge cambial que acaba de ser criado, com apoio do BID, pra proteger investimentos estrangeiros em mitigação e adaptação às mudanças climáticas dos riscos de flutuação do valor da moeda brasileira, e a emissão de títulos públicos sustentáveis que foi feita em 2023. Rafael salientou que, como foi possível obter uma taxa de juros mais baixa do que o normal nessa emissão, o efeito provavelmente beneficiará também as empresas brasileiras, já que a taxa paga pelo Tesouro nacional é sempre uma referência para a economia como um todo. Com essa primeira emissão de 2023, foi possível multiplicar 20 vezes o valor disponível para o Fundo Clima, que é gerido pelo BNDES.
Ilan Goldfjan salientou que o BID também foi parceiro do governo brasileiro na emissão de títulos públicos sustentáveis e lembrou que a agência multilateral triplicou o montante de recursos disponíveis para financiar a mitigação e adaptação às mudanças climáticas (conforme anúncio na COP28 do Clima). Ele também ressaltou que o BID apoio o Equador no mecanismo de perdão/troca de dívida externa por compromissos de preservação ambiental (a primeira do gênero no mundo) e depois também as Ilhas Barbados, além de ter apoiado o Uruguai na emissão de Sustainability-linked bonds soberanos, outra inovação muito importante para países com recursos naturais abundantes e em risco de degradação.
Já Mark Carney anunciou a parceria da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), da qual ele é o Chair, com a Climate Transition Philantropies, da Bloomberg, para criar uma plataforma gerida pelo BNDES com foco na descarbonização da indústria e soluções climáticas baseadas na natureza no Brasil.
Durante os debates, mediados por Daniela Chiaretti, foi salientado também que, no mercado de créditos de carbono, é preciso ter muita atenção a quem compra os créditos, pois a aquisição somente deveria ser permitida a quem já fez tudo que está ao seu alcance para descarbonizar o seu negócio.
Outras autoridades que foram expositoras foram Adam Wang Levine, do Tesouro Nacional dos EUA, Stephanie Al Qaf, Embaixadora do Reino Unido no Brasil, e Alok Sharma, que lembrou que o mundo precisa reduzir em 40% as emissões GEE em 6 anos e demonstrou bastante entusiasmo com relação à liderança brasileira nessa agenda. Uma das questões cruciais levantadas por vários expositores foi que o custo de capital para financiamento da transição é muito mais alto em países em desenvolvimento (no caso da África, projetos no setor de energia chegam a custar 3 vezes mais do que na Europa).
O evento também teve painéis sobre Espaços de Engajamento da Sociedade Civil, Planos de Transição Corporativos, e foi anunciada pelo coordenador da GFANZ América Latina, Alan Gómez, a criação de um capítulo da GFANZ no Brasil.
Grandes champions da agenda de finanças climáticas no Brasil e no mundo estiveram presentes, foram expositores ou mediadores, como Laurence Tubiana (European Climate Foundation), Rogério Studard (CEBRI), Marina Grossi (CEBDS), Natalie Unterstell (Talanoa), Asger Karkan (CONCITO), Luiz Awazu Pereira (ex-Diretor de Política Econômica do Banco Central e que coordenou por 7 anos a agenda de Riscos Climáticos no Bank of International Settlements – BIS), Nabil Kadri (BNDES), Cristina Reis (Ministério da Fazenda), Sandra Guzmán (Grupo de Financiamento Climático da América Latina e Caribe), Mark Manning (London School of Economics) e Sean de Monfort (Sequoia Foundation), entre muitos outros.
Luciane e Daniel também estiveram em reuniões na Bloomberg, ANBIMA e encontraram membros do Conselho Estratégico da SIS, como Beto Mesquita, Denise Hills e Fátima Tosini, além de terem tido encontros com grandes entidades da filantropia global em Finanças Climáticas, com o think tank britânico E3G, e com os coordenadores da Força-Tarefa de Finanças Verdes da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Leila Harfuch e Juliano Assunção, entre outros compromissos no principal centro financeiro do país. A agenda do G20 sob a Presidência brasileira (a primeira da história) promete muitas oportunidades para o Brasil, que sempre teve muito protagonismo nas relações internacionais, inclusive no Acordo de Paris, quando a ex-Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira foi uma das grandes articuladoras. A SIS estará participando ativamente dessa agenda em diversos espaços e fóruns ao longo do ano de 2024.