Foi publicado no fim de dezembro de 2023 o estudo “Estágio do Setor Bancário Português em matéria de consideração de fatores ESG e recomendações para aprimoramentos”, desenvolvido pelo CIDEEFF (Centro de Investigação em Direito Económico, Financeiro e Fiscal) da Universidade de Lisboa e que teve como autora principal Luciane Moessa, Diretora Executiva e Técnica da SIS, que foi investigadora do Centro entre 2022 e 2023, em projeto da Professora Rute Saraiva. O trabalho traça um retrato do estágio de desenvolvimento do setor bancário português em termos de consideração de fatores ambientais, sociais e climáticos em suas atividades e oferecer recomendações aos reguladores bancário e do mercado de capitais, aos bancos e aos entes públicos que atuam em matéria socioambiental e poderiam fornecer informações para uso do setor financeiro.
Foram analisados dados públicos referentes ao ano de 2021, de sete bancos (Caixa Geral de Depósitos, Banco Millennium BCP, Banco Santander Totta, Novobanco, Banco BPI, Banco Montepio e Crédito Agrícola) que representam cerca de 95% do mercado, complementados por entrevistas realizadas em 2023 com 5 dos bancos que aceitaram. O estudo avaliou a integração de diversos fatores ambientais, sociais e climáticos tanto nas carteiras de crédito e de investimentos das instituições quanto em suas operações diretas (ou seja, na gestão de mão-de-obra, nas relações com consumidores e quanto aos impactos ambientais das suas próprias instalações físicas). Também foram identificadas boas práticas relacionadas à gestão de riscos e à oferta de produtos financeiros com impacto positivo.
Dentre uma série de constatações do estudo, destaca-se que todos os bancos da amostra consideram, em maior ou menor grau, fatores ASG em suas atividades, apesar de não existir um entendimento único sobre o que são temas ambientais, sociais e climáticos. Também não existe uma padronização mínima do universo de empresas ou de transações financeiras que deve ser avaliado quanto a riscos ASG; os bancos em geral fazem consulta superficial e insuficiente de informações para a identificação destes riscos, ficando muitas vezes restritos a relatórios de sustentabilidade das grandes empresas. A consideração das características de cada setor econômico também está, no geral, ausente dos critérios para identificação de riscos.
As instituições financeiras analisadas são mais transparentes na divulgação de informações sobre impactos de suas operações diretas (por exemplo, quanto a ações de educação e inclusão financeira, equidade de gênero na própria mão-de-obra, dados relativos a conflitos com consumidores, entre outras informações) do que em relação às atividades de maior impacto – concessão de crédito e realização de investimentos.
A publicação dos resultados da pesquisa repercutiu na imprensa portuguesa, em diversos veículos: